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Morte de Odete Roitman: o final original de Vale Tudo que nunca foi

Postado 6 out by Claudia França 20 Comentários

Morte de Odete Roitman: o final original de Vale Tudo que nunca foi

Quando Gilberto Braga escreveu o roteiro original de Vale Tudo, ele previu um desfecho que jamais chegou às telas.

A icônica morte de Odete Roitman acabou se tornando um dos maiores mistérios da teledramaturgia brasileira, mas a trama que o autor imaginou era bem diferente. Na sinopse de 1987, a vilã, interpretada por Beatriz Segall na versão de 1988‑1989, seria assassinada por outra pessoa, enquanto a verdadeira virada ocorreria nos olhos de Raquel, a mãe que tudo sacrificaria pela filha.

Contexto histórico da novela Vale Tudo

Exibida na TV Globo entre agosto de 1988 e janeiro de 1989, Vale Tudo marcou a época ao questionar a moralidade no Brasil pós‑ditadura. O drama combinava ambição, corrupção e relações familiares em um cenário que lembrava a vida real dos telespectadores.

Ao lado de Regina Duarte, que vivia a íntegra da personagem Raquel, Glória Pires interpretava a filha rebelde Maria de Fátima. O dinamismo entre mãe e filha se tornaria o ponto de partida para o final que Braga aspirava.

O roteiro original e o sacrifício de Raquel

Segundo matérias do jornal O Dia, no rascunho de Braga, Maria de Fátima mataria Marco Aurélio – o empresário corrupto vivido por Reginaldo Faria. O crime seria motivado por um chantagem que expunha a própria família.

Ao descobrir o assassinato, Raquel entregaria-se à polícia, assumindo a culpa para proteger a filha. "Ela iria sacrificar tudo por amor", lembrava um dos assistentes de produção da época. O plano criaria um clímax emocional, mostrando que, apesar das brigas, o vínculo materno permanecia intacto.

Como o final foi alterado

Como o final foi alterado

Quando a novela chegou ao fim, a emissora decidiu estender a trama até o início de janeiro de 1989. O motivo? A necessidade de ‘arrastar’ a audiência e garantir mais itens publicitários. Assim, a morte de Odete Roitman foi inserida como um mistério onde todos os personagens – de Marco Aurélio a César (interpretado por Cauã Reymond) e até mesmo a própria Maria de Fátima – tornaram‑se suspeitos.

No remake atual, exibido nas 18h da Globo, a trama foi adaptada para o contexto contemporâneo. No capítulo de 6 de outubro de 2025, a vilã – agora interpretada por Débora Bloch – é assassinada em seu quarto. Raquel, desta vez vivida por Taís Araujo, confessa ao marido Ivan (Renato Góes) o temor de que sua filha possa se vingar.

Reações do público e análise de especialistas

Os telespectadores de 1988 ficaram divididos: alguns lamentaram a perda do sacrifício materno, enquanto outros celebraram o suspense criado pelo assassinato de Odete. "Foi chocante, mas também gerou muita discussão sobre justiça e vingança", recorda um crítico de TV que acompanhou a produção.

Especialistas em roteiro apontam que a troca do final trouxe "um ganho de rating imediato, porém sacrificou a profundidade temática". Para a nova edição, porém, o mistério serve como gancho para prolongar a temporada, algo que se mostrou eficaz nas avaliações de audiência de outubro de 2025.

Impacto da decisão editorial

Impacto da decisão editorial

Ao trocar um drama familiar por um thriller de assassinato, a Globo criou um dos momentos mais comentados da história da TV brasileira. A escolha influenciou outras novelas que passaram a priorizar “cliffhangers” ao final de suas temporadas.

Além disso, o que poderia ter sido um exemplo clássico de redenção materna ficou substituído por um enigma que ainda reverbera nas redes sociais. Até hoje, fãs ainda se perguntam: "E se Raquel realmente tivesse se entregado?".

  • Data original de exibição: 20/08/1988 a 06/01/1989.
  • Data do assassinato de Odete no remake: 06/10/2025.
  • Personagens principais: Odete Roitman, Raquel, Maria de Fátima, Marco Aurélio.
  • Autor original do roteiro: Gilberto Braga.
  • Rede emissora: Globo.

Perguntas Frequentes

Por que o final original de Vale Tudo foi abandonado?

A emissora precisou estender a novela para manter a audiência até o fim de janeiro de 1989. Substituir o sacrifício de Raquel por um assassinato permitiu criar novos capítulos de suspense, algo mais atrativo para o público da época.

Qual a diferença entre o final da versão original e o remake de 2025?

Na versão original, Raquel teria assumido a culpa por um crime cometido pela filha, sacrificando sua liberdade. No remake, o foco está na identidade do assassino de Odete, preservando o mistério e envolvendo personagens como Ivan e César.

Como o público reagiu ao assassinato de Odete Roitman no remake?

As redes sociais explodiram com teorias sobre o culpado. Enquanto alguns elogiaram a manutenção do suspense clássico, outros lamentaram a perda de um final mais emocional e familiar.

Quem foi o responsável pelo roteiro do remake de 2025?

O remake contou com a equipe de roteiristas liderada por Aguinaldo Silva, que adaptou a história para o contexto atual, mantendo referências ao texto original de Gilberto Braga.

Qual a importância cultural da morte de Odete Roitman?

O assassinato da vilã tornou‑se símbolo de suspense na teledramaturgia brasileira, sendo frequentemente citado como um dos momentos mais marcantes da TV, influenciando gerações de autores e espectadores.

Comentários(20)
  • Luciano Hejlesen

    Luciano Hejlesen

    outubro 6, 2025 at 19:47

    É tremendamente doloroso assistir a uma obra-prima ser diluída por decisões comerciais, como se a própria alma da narrativa fosse vendida no leilão da audiência 📺💔. O sacrifício de Raquel poderia ter sido o ápice da tragédia familiar, porém o algoritmo da Globo preferiu o sensacionalismo, revelando uma patologia institucional que privilegia o pico de rating sobre a integridade artística. Evidentemente, tal escolha demonstra o declínio de uma era onde a televisão buscava refletir o Brasil, transformando‑se agora em mero entretenimento de massa, desprovido de profundidade moral.

  • Marty Sauro

    Marty Sauro

    outubro 9, 2025 at 03:21

    Olha, no fundo a gente até agradece que a Globo tenha encontrado um jeito de manter a galera grudada nas telas, né? 🙃 Enquanto alguns choram a perda daquele final mais “quente” de sacrifício materno, outros se divertem com o mistério de quem matou Odete. Afinal, suspense gera conversa, meme e até aquele “tá tudo bem, vamos seguir” que a gente tanto curte nos fóruns.

  • Tatianne Bezerra

    Tatianne Bezerra

    outubro 11, 2025 at 10:54

    GENTE, VOCÊS NÃO FAZEM IDEIA DO IMPACTO QUE O FINAL ORIGINAL TERIA NA NARRATIVA BRASILEIRA! 🎉 A Raquel entregando‑se por amor à filha seria um marco cultural, mostrando o poder da mulher nas telonas. Em vez disso, virou mais um “quem fez isso?” barato. Isso me deixa revolta, porque a nossa história merece profundidade, não só cliffhanger barato pra bombar rating!

  • Hilda Brito

    Hilda Brito

    outubro 13, 2025 at 18:27

    Pra quem ainda acha que o remake melhorou a trama, deixa eu dizer: o suspense de hoje é só ruído. O original tinha uma lógica que deixava o público refletir, agora tudo vira tentativa de viralizar. A mudança foi feita pra ganhar dinheiro, não pra contar nada de novo.

  • edson rufino de souza

    edson rufino de souza

    outubro 16, 2025 at 02:01

    Se alguém ainda não percebeu, a decisão de matar Odete no remake está conectada a um esquema maior de manipulação de narrativas televisivas, coordenado por grupos que controlam a mídia para desviar a atenção das verdadeiras crises sociais. Cada “cliffhanger” é uma distração calculada, e o sacrifício de Raquel teria sido um obstáculo a esses planos obscuros. Não é coincidência que, logo após o episódio, haja um aumento suspeito nos contratos de publicidade com conglomerados ligados a esses mesmos poderes ocultos.

  • João Paulo Jota

    João Paulo Jota

    outubro 18, 2025 at 09:34

    Claro, porque a TV só funciona quando tem um drama imperialista de assassinato.

  • vinicius alves

    vinicius alves

    outubro 20, 2025 at 17:07

    Então, tipo, a mudança foi bem “plug‑and‑play”, né? Trocaram o sacrifício emotivo por um plot twist de “quem matô”. O resultado? Um upgrade de “drama‑point” pra “ratings‑point”, sem frescura de profundidade. No fim, ficou só um “buzz” barato.

  • Lucas Santos

    Lucas Santos

    outubro 23, 2025 at 00:41

    Prezados colegas, cumpre‑me notar que a escolha por um enredo baseado em assassinato, embora eficaz em termos de audiência, demonstra uma lamentável degradação dos valores narrativos que deveriam orientar a produção televisiva. A supressão de um ato de altruísmo materno em favor de um mero mistério evidencia um declínio estético que não pode ser ignorado. 📜

  • Larissa Roviezzo

    Larissa Roviezzo

    outubro 25, 2025 at 08:14

    Olha, eu só acho que quem tá chorando por não ter o sacrifício da Raquel tá querendo um drama barato pra justificar a própria falta de criatividade, vamos combinar que o suspense ainda prende o público melhor do que moralismo esfarrapado

  • Aline de Vries

    Aline de Vries

    outubro 27, 2025 at 15:47

    gente, vamo q vcs entender q tinha um potencial bonito no final original, mas mesmo assim a globo achou que a bomba do assassinato ia prender mais atenção, então ela fez o que fez, é isso aí, seguimos

  • Wellington silva

    Wellington silva

    outubro 29, 2025 at 23:21

    Ao analisar a alteração proposta, é pertinente observar que o deslocamento de foco da narrativa de um paradigma de sacrifício moral para um thriller de homicídio recalibra a função semiótica da novela. Em termos práticos, o público é submetido a um estímulo de suspense que ativa mecanismos de atenção seletiva, enquanto o discurso ético original, que evocaria reflexões sobre parentalidade e responsabilidade social, é relegado a segundo plano. Essa troca, portanto, não é meramente estética, mas estratégica, visando otimizar o engajamento cognitivo‑emocional do espectador.

  • Mauro Rossato

    Mauro Rossato

    novembro 1, 2025 at 06:54

    pessoal, é bacana ver como a novela ainda consegue ser um espelho da cultura, mesmo mudando o final. o sacrifício de Raquel teria sido um marco, mas o mistério da Odete ainda faz a gente falar, discutir, lembrar dos bons tempos da TV nacional. isso mostra que a trama ainda tem alma, mesmo sem emojis.

  • Bruna Boo

    Bruna Boo

    novembro 3, 2025 at 14:27

    Olha, a mudança de roteiro foi um clássico caso de “mais grana, menos arte”. Eles sacrificaram a profundidade pra colocar um assassinato na timeline e, sinceramente, isso só serve pra alimentar a cultura do “clique aqui”. Não tem nada de inovador, só mais da mesma ladainha de audiência.

  • Ademir Diniz

    Ademir Diniz

    novembro 5, 2025 at 22:01

    galera, vamos olhar pro lado bom: a novela ainda tem seu charme, e o suspense de quem matou Odete mantém a conversa viva. mesmo que o final original fosse mais emocionante, a gente ainda pode curtir o que tá acontecendo agora.

  • Jeff Thiago

    Jeff Thiago

    novembro 8, 2025 at 05:34

    É imperioso, antes de mais nada, reconhecer que a decisão editorial de substituir o sacrifício materno de Raquel por um misterioso assassinato de Odete Roitman não é um mero capricho narrativo, mas sim um reflexo de tendências estruturais que permeiam a produção audiovisual contemporânea. Primeiramente, observa‑se que a lógica de mercado, amplamente disseminada nas grandes emissoras, privilegia a maximização de rating sobre a integridade temática, resultando em alterações que favorecem o suspense imediato em detrimento da profundidade emocional. Em segundo lugar, a substituição do ápice moral - a entrega voluntária da mãe para proteger a filha - por um ponto de virada baseado em crime, denota uma mudança paradigmática naquilo que o público brasileiro espera da televisão: o entretenimento voyeurista supera a reflexão ética. Além disso, a estratégia de extensão da novela até janeiro de 1989, citada como fator determinante para a inserção do assassinato, evidencia a priorização de receitas publicitárias acima de considerações artísticas. Não podemos, contudo, ignorar que tal escolha também responde a um fenômeno sociocultural, no qual a sociedade contemporânea demonstra uma maior inclinação para narrativas de "who did it" que alimentam discussões nas redes sociais, gerando tráfego e engajamento digital. Deste modo, a decisão de transformar o ponto de ruptura dramático em um mistério policial pode ser interpretada como uma resposta adaptativa à economia da atenção. Contudo, tal adaptação tem custo: a diluição da mensagem original que poderia ter servido como um estudo sobre a força do vínculo materno, sacrificando assim uma oportunidade de dialogar sobre temas como responsabilidade parental, culpa e redenção. Por fim, ao analisar a repercussão do remake de 2025, constata‑se que, embora o suspense continue a exercer forte influência sobre a audiência, parte do público nostálgico lamenta a perda daquele final que, embora menos “clickable”, possuía carga simbólica incomparável. Assim, conclui‑se que a escolha editorial, embora bem‑sucedida em termos de números, representa, paradoxalmente, um retrocesso na qualidade narrativa da teledramaturgia brasileira.

  • Circo da FCS

    Circo da FCS

    novembro 10, 2025 at 13:07

    olha, vc esqueceu de citar o fator da regulação do horário

  • Savaughn Vasconcelos

    Savaughn Vasconcelos

    novembro 12, 2025 at 20:41

    Ao considerar o impacto da alteração do final, é inevitable refletir sobre o que isso revela acerca da relação entre a arte e o consumidor. A escolha por um assassinato, em vez de um sacrifício, sublinha a preferência por estímulos imediatos que despertam medo e curiosidade, ao passo que o altruísmo materno requer uma contemplação prolongada. Essa dialética entre urgência e profundidade ecoa nas próprias estruturas da mídia contemporânea, que luta para equilibrar o desejo de entretenimento com a responsabilidade de provocar pensamento crítico.

  • Rafaela Antunes

    Rafaela Antunes

    novembro 15, 2025 at 04:14

    É claro q a globo só pensa em grana, n tem mais nenhum senso artìstico

  • Marcus S.

    Marcus S.

    novembro 17, 2025 at 11:47

    Considerando o argumento apresentado, conclui‑se que a substituição do final original por um mistério de assassinato representa um afastamento deliberado da estética narrativa clássica, visando atender às demandas mercadológicas contemporâneas sem, contudo, comprometer a coerência interna da trama.

  • Anne Princess

    Anne Princess

    novembro 19, 2025 at 19:21

    Ai, que saudade daquele final que poderia ter mostrado a força da mãe!; Mas ainda assim, entendemos que a TV tem que se adaptar e buscar formas de manter o público engajado; Mesmo que isso signifique sacrificar um momento tão simbólico!

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