Em um recente relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), foi revelado que os pilotos do voo Voepass, que caiu no dia 9 de agosto de 2024 em Vinhedo, São Paulo, discutiram uma falha no sistema de degelo da aeronave. O documento, liderado pelo Tenente-Coronel Aviador Paulo Mendes Fróes, detalha que a análise do áudio do gravador de voz do cockpit confirmou que os pilotos mencionaram problemas com o sistema de 'de-icing'.
O piloto especificamente comentou sobre uma falha no sistema de 'airframe de-icing', que é projetado para evitar a acumulação de gelo nas asas. O co-piloto, em seguida, observou a presença de 'bastante gelo' nas asas da aeronave. O sistema de degelo foi ativado e desativado várias vezes durante o voo, mas ainda não está claro se isso ocorreu devido à ação dos pilotos ou a uma falha do próprio sistema.
A aeronave operava dentro de condições favoráveis à formação severa de gelo, com alta umidade e temperaturas abaixo de 0°C desde a região centro-norte do Paraná até São Paulo. Apesar dessas condições adversas, a aeronave possuía certificação para voar nessas circunstâncias e a tripulação tinha as qualificações e experiência necessárias. No entanto, nenhum alerta de emergência foi declarado ao controle de tráfego aéreo ou a aeronaves próximas.
A investigação em andamento destaca que múltiplos fatores contribuíram para a perda de controle da aeronave, ao invés de uma causa singular. Este voo da Voepass, que fazia a rota de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP), infelizmente resultou na morte de todas as 62 pessoas a bordo, incluindo 58 passageiros e quatro membros da tripulação.
A análise do Cenipa continuará com um exame detalhado das atividades de voo, do ambiente operacional e dos fatores humanos envolvidos. Uma das áreas principais da investigação será entender melhor a sequência de eventos que levou à multidão de problemas técnicos e operacionais que resultaram no trágico acidente.
O relatório também mencionou que as condições climáticas no momento do acidente eram particularmente propensas à formação de gelo extremo. A humidade e as temperaturas abaixo de zero aumentam significativamente o risco de acumulação de gelo na estrutura da aeronave. Esses fatores, combinados com possíveis falhas no sistema de degelo, poderiam ter contribuído para a incapacidade dos pilotos de manter o controle do avião.
Adicionalmente, a investigação está focada em qualquer possível erro humano que possa ter exacerbado a situação. Estes incluem a manipulação dos sistemas de degelo e a comunicação interna da tripulação sobre o estado do avião. A Cenipa está empenhada em entender todos os aspectos operacionais que poderiam ter levado ao acidente.
O acidente teve um impacto devastador nas famílias das vítimas e levantou preocupações significativas na indústria da aviação sobre a confiabilidade dos sistemas de degelo e a preparação da tripulação para eventos climáticos extremos. A Voepass, por sua vez, tem trabalhado em estreita colaboração com as autoridades de aviação para prestar assistência durante a investigação e fornecer suporte às famílias das vítimas.
Esta tragédia também provocou um debate mais amplo sobre a necessidade de revisões regulatórias e de segurança adicionais para garantir que tais incidentes não se repitam no futuro. A aviação é, por natureza, uma área onde a segurança deve ser constantemente monitorada e aprimorada.
Enquanto a investigação está em curso, as descobertas preliminares sugerem que uma combinação de falhas técnicas e desafios ambientais contribuiu para o desastre. A complexidade do acidente reflete a natureza multifacetada das operações de voo e a importância crucial da manutenção e vigilância contínuas.
O Cenipa continuará a divulgar atualizações e trabalhar para concluir um relatório final que fornecerá uma visão abrangente das causas do acidente. A esperança é que das lições aprendidas possamos evitar futuras tragédias e melhorar a segurança no setor aéreo.