Em entrevista coletiva na tarde de segunda-feira, o ministro da CGU, Vinícius Carvalho, anunciou a abertura de uma auditoria completa da ANEEL. O objetivo é analisar como a agência reguladora supervisionou a concessionária italiana Enel durante o apagão que assolou São Paulo. Segundo Carvalho, a decisão foi tomada diretamente pelo presidente da República, que quer entender se houve falhas de fiscalização que contribuíram para a crise.
O ministro deixou claro que a auditoria não configura intervenção direta no setor elétrico, mas pode identificar lacunas no processo de inspeção da agência reguladora. Ele foi acompanhado por Paulo Pimenta, secretário de Comunicação Social, pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e pela secretária nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous. O grupo reforçou o prazo de três dias estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia para que a Enel devolva o fornecimento de energia à população.
A pressão sobre a empresa vem após a divulgação de um comunicado da Enel afirmando que, às 5h40, 1,5 milhão de clientes já tinham o serviço restabelecido. Contudo, ainda restavam 354 mil consumidores na capital sem energia, entre eles 36,9 mil em Cotia, 32,7 mil em Taboão da Serra e 28,1 mil em São Bernardo do Campo. A empresa segue trabalhando para reconectar os 537 mil clientes ainda afetados, mas o cenário gera preocupação entre autoridades e usuários.
O apagão de São Paulo não é um caso isolado. Nos últimos anos, a cidade tem enfrentado interrupções frequentes, reflexo de um histórico de subinvestimento na rede elétrica. O prefeito Ricardo Nunes alertou que especialistas previram o colapso da infraestrutura em três anos caso os investimentos não aumentem de forma significativa. Já o governador Tarcísio de Freitas pediu intervenção federal, acusando a Enel de não melhorar a contratação de pessoal nem de implementar planos de contingência eficazes.
Para entender a extensão do problema, segue um resumo dos municípios com maior número de clientes sem energia:
Moradores nas áreas afetadas relatam dificuldades com falta de água, interrupção de serviços de saúde e prejuízos para pequenos negócios que dependem de energia elétrica. Em alguns bairros, a população recorreu a geradores improvisados, elevando o risco de acidentes e poluição sonora.
Enquanto a auditoria da CGU segue em andamento, a expectativa é que o relatório traga recomendações para reforçar a supervisão da ANEEL e estabelecer penalidades mais rigorosas para concessionárias que não cumpram padrões de qualidade. A medida também pode abrir caminho para novos investimentos privados ou públicos na modernização da rede, aspecto crucial para evitar novos apagões.
As autoridades continuam monitorando a situação e mantendo comunicação constante com a Enel para garantir que o prazo de três dias seja respeitado. A população, por sua vez, aguarda respostas concretas e uma solução definitiva para que a energia volte a ser estável e confiável em toda a região metropolitana.