A Apple apostou alto no lançamento internacional dos AirPods 4 e escolheu Pedro Pascal, conhecido por papéis intensos em séries como "The Mandalorian" e "The Last of Us", para estrelar uma campanha que prometia emoção e um toque de familiaridade pop. O comercial, dirigido pelo premiado Spike Jonze, mistura tecnologia de ponta com uma trilha que não passou despercebida: o funk brasileiro. O cenário parece propositadamente exagerado, mostrando Pascal superando o fim de um relacionamento enquanto tudo ao seu redor vira caos — menos ele, protegido pelo isolamento acústico dos fones.
O objetivo era claro: mostrar o potencial do cancelamento de ruído e dos novos modos inteligentes dos AirPods como um oásis pessoal até nos momentos mais dramáticos. A propaganda destacou recursos técnicos, como encaixe aprimorado, áudio computacional e supressão de ruídos que prometem transformar tanto voos quanto caminhadas urbanas em experiências imersivas. No entanto, para muita gente por aqui, não importa quantos sensores os fones ofereçam, o que pegou mesmo foi ver Pedro Pascal tentando dançar no ritmo do pancadão carioca.
As redes sociais brasileiras reagiram rápido. No X (antigo Twitter) e no Instagram, não faltaram comentários e montagens comparando Pascal a Bruninho Mars, apelido carinhoso de um dos principais nomes do funk pop atual, famoso por sua autenticidade nas pistas de dança e carisma brasileiro. Muitos acharam a performance do ator "forçada" e distante da ginga e da malemolência típicas do funk nacional. Os memes ironizando a tentativa de Pedro Pascal de incorporar o estilo dominaram timelines, com vídeos e até mesmo dancinhas comparativas viralizando entre perfis populares.
A discussão ganhou uma camada mais densa ao tocar em temas como apropriação e comercialização da cultura. Por um lado, teve quem visse a presença do funk em uma grande campanha global como motivo de orgulho por ver o ritmo ganhando o mundo. Por outro, muita gente percebeu a escolha como artificial e ilustrativa da dificuldade das marcas internacionais em realmente entender as nuances locais — afinal, para o brasileiro médio, funk não é só trilha, é linguagem corporal, é contexto social e, claro, identidade.
Por mais polido que seja o visual dirigido por Spike Jonze, as críticas mostram que campanhas globais nem sempre acertam no tom ao dialogar com culturas locais. Alheio ou não à polêmica, Pedro Pascal virou exemplo de como o funk brasileiro conquistou novos espaços, mas segue, nas palavras e memes dos brasileiros, algo insubstituível — e, para muitos, impossível de ser reproduzido apenas por quem tem carisma (ou fones de última geração).